Lembro de outrora...
E uma música ao fundo chega suave e toca os meus ouvidos. Aquela música que embalou tantos e tantos sonhos...
Há tempos que o vejo ali, encostado. Pego o violão e mexo em suas cordas. Cordas de um violão antigo e desafinado. O mesmo violão e as mesmas cordas de antes.
Procuro o tom certo, tento alinhar todas as notas musicais sem muito sucesso.
O tom continua fraco, minguado...
As notas continuam desiguais e totalmente desalinhadas; talvez, carcomido pela ação do tempo. Hoje, calado, solitário e triste ali está. O som dantes melodioso perdeu-se desde ontem. Perdeu-se no tempo. Desde a época das longas serenatas, onde o som sempre tão afinado e melodioso invadia as ruas num relampejo estridente, cintilando estrelas.
A sua música acalentava e encantava. E o dia sempre amanhecia terno; e as noites sempre cheias de vida. O Sol surgia tímido; às vezes forte. A noite adentrava exuberante no seu tom lilás trazendo o cheiro das flores. A Lua, encabulada, muitas vezes se achava encoberta pelas nuvens, mas, brilhante, ressurgia. Sempre!
Hoje, a música esquecida está. Os sons embaralhados e desarmônicos continuam.
Esse longo tempo encostado ficou acabrunhado e resumido a esquecidas notas musicais.
A uma limitada e velha música que se foi com o tempo...
Recostei o corpo numa cadeira e adormeci. Acordei no meio da noite com um som melodioso... Parecia-me próximo. Levantei ainda fatigada do mau jeito e, com muito esforço, acendi a luz; e de súbito, vejo um pássaro à minha janela. Fiquei alguns segundos estática e o coração aos pulos! O cantarolar que eu ouvia vinha mesmo daquele pássaro brilhante que mais parecia uma Fênix. Era pura luz! Eu fiquei fascinada! Ele voava lentamente e emitia um som harmonioso e tocante. Eu ouvia placidamente o seu coração. Eu podia sentir a sua respiração de tão próximo. Parecia querer me puxar até àquele violão. Pedia insistentemente. E era verdade, ele queria. Dei dois passos, e o que eu pude sentir, jamais sentirei. As cordas, antes frias e desordenadas, passaram a cantarolar o mais belo dos hinos. Uma das mais belas canções! Eu podia ouvir uma mistura de sons que penetrava profundamente o meu peito. Fora a mais bela emoção! Era a esperança renovada! Foi um momento único e indescritível.
Novamente, jamais sentirei!
Lana Mara Thiers
Um dia quando o sol se pôs...
O bom da vida, Mara, é que temos todas as condições de afinar nossos violões, dissabores,
ResponderExcluirsabores, amores.. Com nossos mecanismos de defesa e de sobrevivência, dados por Deus.
Afine, afine...
Abraço bem grande, querida escritora: Liduzinha.
Gostei muito de ler um pouco teu blog... seu texto é maravilhoso, e de muito bom gosto.
ResponderExcluirEstou te seguindo, e convido a conhecer meu blog e seguir-me se gostares .
Um grande abraço!
Smareis
Liduzinha,como faz tempos que não entro no meu blog; af! coisa mais louca! Só agora vi o teu recadinho. Thanks amiga, amanhã [pois já são 2:29 da madruga], vou ver se posto alguma coisa. Eita sono! XauzinhOOO!
ResponderExcluirTô em falta com vocês amigas do Azul Sonhado.
Beijos!
Smareis [é esse mesmo o seu nome]? Obrigada pelo elogio. Entrei rapidinho no teu blog e de cara, já li um pensamento no teu perfil de Clarisse Lispector [adooooro]!!! Já gostei e já estou lhe seguindo. Depois olho com mais calma o seu blog que é bem lindinho! No momento, tô passada de sono. Tô indo mimi... rsrsr...
ResponderExcluirBeijos!