Para Vocês...
O céu, as estrelas, o mar, e "só" um pedaço da lua. Porque a outra metade já é minha... (risos)!


8 de ago. de 2010

Não é de Fernado Pessoa a frase "Há um tempo em que é preciso abandonar..."

Foto/Internet

Descobri (tempos atrás), através de blogs, sites e numa matéria do Diário do Nordeste, que essa frase, “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já tem a forma do corpo...” circula na internet como sendo de Fernando Pessoa, mas na verdade foi escrita por Fernando Teixeira de Andrade: escritor, e professor de literatura (1946-2008).
-Como também a crônica "Quase" de Sarah Westphal Batista da Silva que é atribuída a Luis Fernando Veríssimo;
-“Felicidade Realista” atribuída a Mário Quintana, na verdade é de Martha Medeiros;
-“A Idade Para Ser Feliz” da autoria de Geraldo Eustáquio de Souza também circula como sendo de Mário Quintana (até já enviei para muitos amigos)...
E por aí vai... São inúmeras as obras que são adulteradas e que a cada dia só cresce mais e mais... Uma pena!
Portanto, se vocês querem também investigar e se aprofundar um pouco mais, vejam alguns sites que desvendam esse tipo de fraude.

http://www.autordesconhecido.blogger.com.br/;
VIDIGAL, Betty. Textos apócrifos na internet:
http://www.blassoc.com.br/bettyvidigaltextovm.htm
Etc. etc.

Bom, mas aí vai o texto “O Medo: o maior gigante da alma” na integra, com o seu verdadeiro autor.


O Medo: o maior gigante da alma


Para quem tem medo, e a nada se atreve, tudo é ousado e perigoso. É o medo que esteriliza nossos abraços e cancela nossos afetos; que proíbe nossos beijos e nos coloca sempre do lado de cá do muro. Esse medo que se enraíza no coração do homem impede-o de ver o mundo que se descortina para além do muro, como se o novo fosse sempre uma cilada, e o desconhecido tivesse sempre uma armadilha a ameaçar nossa ilusão de segurança e certeza.

O medo, já dizia Mira Y Lopes, é o grande gigante da alma, é a mais forte e mais atávica das nossas emoções. Somos educados para o medo, para o não-ousar e, no entanto, os grandes saltos que demos, no tempo e no espaço, na ciência e na arte, na vida e no amor, foram transgressões, e somente a coragem lúdica pode trazer o novo, e a paisagem vasta que se descortina além dos muros que erguemos dentro e fora de nós mesmos.

E se Cristo não tivesse ousado saber-se o Messias Prometido? E se Galileu Galilei tivesse se acovardado, diante das evidências que hoje aceitamos naturalmente? E se Freud tivesse se acovardado diante das profundezas do inconsciente? E se Picasso não tivesse se atrevido a distorcer as formas e a olhar como quem tivesse mil olhos? "A mente apavora o que não é mesmo velho", canta o poeta, expressando o choque do novo, o estranhamento do desconhecido.

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Fernando Teixeira de Andrade

Escritor e Professor de Literatura do Objetivo e da UNIP.

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